“A Travessia” é a nova série da RTP que mergulha nos feitos heroicos de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, pioneiros da aviação portuguesa, ao concretizarem a primeira travessia aérea do Atlântico Sul em 1922. Esta coprodução entre a David & Golias e a RTP, com realização de Fernando Vendrell, apresenta uma narrativa que combina aventura, drama e um olhar profundo sobre o impacto científico e cultural desta epopeia na história mundial.
Um Feito que Desafiou os Limites Humanos
A série retrata o caminho audacioso destes “argonautas modernos”, que enfrentaram adversidades imensas ao atravessar céus desconhecidos com aeronaves rudimentares, feitas de madeira, ferro e linho. Numa era em que os instrumentos de navegação ainda eram rudimentares, Gago Coutinho e Sacadura Cabral criaram e adaptaram métodos científicos inovadores, incluindo o sextante adaptado à navegação aérea, um marco na história da aviação. Estes avanços não só possibilitaram a travessia, como também abriram caminho para a exploração espacial e a globalização, alterando a forma como a humanidade compreende distâncias e comunicação.
Passada no início do século XX, a série explora não apenas a história destes heróis, mas também o panorama político e social da época. O enredo destaca a relação entre Portugal e Brasil, tanto pela escolha do destino da travessia como pela relevância histórica e cultural entre as duas nações lusófonas. Além disso, a figura de Santos Dumont, pioneiro brasileiro da aviação, é mencionada como um elo crucial entre os dois países.
A narrativa centra-se nos dois protagonistas principais, Gago Coutinho (interpretado por Miguel Damião) e Sacadura Cabral (interpretado por Gonçalo Waddington), cujas personalidades e trajetórias são desenvolvidas com bastante qualidade. Gago Coutinho, geógrafo e cientista metódico, traz uma abordagem reflexiva e inovadora ao projeto, enquanto Sacadura Cabral é descrito como um homem corajoso e determinado, com um espírito aventureiro inabalável. A série apresenta ainda figuras secundárias relevantes, como o jornalista Norberto Lopes (Vicente Wallenstein), que documenta os feitos históricos, e personagens fictícias que enriquecem a trama, como Tibita Andrade (Júlia Palha), representante de um Brasil em transformação.
Nas palavras do realizador Fernando Vendrell, “A Travessia” é uma homenagem ao espírito humano de superação, sacrifício e engenho. Mais do que um relato histórico, a série reflete sobre a transcendência do indivíduo e as possibilidades ilimitadas que a ciência, a arte e a determinação podem alcançar. É uma mensagem intemporal, dirigida às novas gerações, que demonstra que um país pequeno pode alcançar grandes feitos, desde que munido de ambição e criatividade.
Combinando elementos de aventura e drama com factos históricos rigorosos, “A Travessia” também possui uma dimensão formativa e pedagógica. Ao retratar com autenticidade os desafios tecnológicos e científicos enfrentados pelos protagonistas, a série promove uma maior compreensão da história da aviação e do impacto das descobertas portuguesas no mundo. O foco na lusofonia e na ligação entre Portugal e Brasil reforça a importância de preservar e celebrar a cultura e os valores que unem estas nações.
“A Travessia” é mais do que uma série de ficção histórica; é um testemunho do poder da coragem e da inovação. Ao narrar uma das maiores conquistas da aviação mundial, a série inspira espectadores a refletirem sobre a importância de sonhar e superar limites. Tal como Plutarco afirmou, “navegar é necessário, viver não é necessário” – uma frase que encapsula o espírito destes pioneiros e que ecoa na atualidade, lembrando-nos que o desejo humano de explorar e descobrir é o motor da evolução.
